segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Um Rei, um Anjo e uma história 4ºCap.– Amadurecimento real, o julgamento do rei

(MÚSICA TEMA: SANGRANDO, SONHO DE íCARO)

O sol aquecia meu corpo frio de tristeza, quando minha mãe troxu-me uma xí­cara de café bem forte.

- Tome filho vai te fazer bem! Você gosta mesmo desse garoto não é?

Assenti com a cabeça não sabia o que falar. Tinha vontade de chorar, ali, no chão em frente à delegacia e ao lado da minha casa.

- Meu lindo, ele vai ser inocentado! Você vai ver e vocês vão ser felizes por muito tempo.

Estava quase no fim do café quando o meu pai me chamou:

-Você quer falar com o seu amigo? Mais ele ainda não sabe... deixei pra você falar já que é amigo dele e não tem nenhum parente dele presente.

-Quero pai, por favor!

Entrei trêmulo, queria colocar o meu Rei no colo, cuidar dele, beijá-lo. Mais não sabia como lhe dá a pior notí­cia da sua vida, se é possí­vel coisa pior!

-Vou deixar vocês às sós, mais apenas alguns minutos Gabriel. Falou meu pai.

-Meu amor, rei do meu mundo! Você vai ficar bem, eu vou te proteger cuidar de você, você não teve culpa eu sei...

Abraçei-o, e senti suas lágrimas em minha face, beijei o seu rosto marcado pela dor. Arthur nada falou apenas me abraçou e deixou dar vazão a dor. Seu corpo perdeu ao chão e em prantos disse:

- Eu não queria matá-lo, eu..eu...não queria que ele machucasse a minha mãe... onde ela está? Onde Gabriel... a minha mãe!

-Arthur, a sua mãezinha se foi! Ela não suportou os fatos e cometeu sui...

Um grito estridente estremeceu toda a delegacia.

-Ela não podia...não podia me deixar assim! Não ela não teve coragem!

O Arthur parecia de pedra, apenas caião lágrimas de seus olhos que pareciam distante, abracei-o. Jú e Ká entraram na sala já chorando e no chão se juntou a nós em um abraço solidário.

- Vamos Arthur, eu sinto muito por tudo, mais temos que ir garoto...

-Pai não, por favor, agora não!

- Desculpem-me, mais ele não pode permanecer aqui, ele tem que ir pra divisão do menor na capital. Vamos...

Os olhos do meu Rei pareciam parados no tempo, os dois policiais tiram-no de nossos braços e ele parecia não existir. Não tive forças pra segui-lo, apenas abracei as duas únicas pessoas que sabiam o que eu estava sentindo, Jú e Ká. O sepultamento da mãe e do pai do Rei ocorrerá na manhã seguinte, como não tinham famí­lia, minha mãe cuidou de tudo. Fomos apenas eu, minha mãe, a Julianne e a Karine. Não conseguia parar de pensar no Rei, como ele estava.

Quinze dias depois, foi com minha mãe a instituição do menor infrator, pois era o tempo limite para começar as visitas, um certo tempo de adaptação do interno. O que vi me cortou o coração. Arthur tava visivelmente abatido, magro, cabeça raspada, boca seca, e o brilho do seu olhar já não existia. Corri na frente da minha mãe e o abracei, chorei...

-Meu amor como você está? Eu estou aqui, não pode vir antes, mais estou aqui...

-Minha mãe Gabriel, onde ela foi enterrada?

- Mamãe cuidou de tudo, e foi lindo, fui com as meninas! Mais não falaremos disso, vou cuidar de você!

- Agora não tenho mais ninguém nessa vida! Filho de dois órfãos que se conheceram num orfanato e sem irmão, estou sozinho!

-Não! Não fala assim Rei, você tem a mim, tem a minha mãe e as meninas! Há elas não puderam vir mais te mandaram bolo e um monte de bobagens!

-Obrigado! Agradece a elas por tudo

Fomos interrompidos por minha mãe que se tinha demorado um pouco conversando com a assistente social.

-Meu filho como você está? Apesar de não te conhecer muito pessoalmente o Gabi fala muito sobre você!

-Vou levando dona Claudia, levando!

Minha mãe o abraçou com a um filho recém nascido. Lágrimas brotaram de seus olhos sem que Arthur percebesse.

-Vamos cuidar de você! Você tem a nossa famí­lia agora, pode contar conosco e quando você sair daqui você vai morar conosco. A assistente social disse-me que o Juiz já marcou a sua audiência, por você ser menor, seu julgamento vai ser logo, talvez daqui a três meses.

As visitas tormaram-se semanais e as meninas nos acompanhava quando podiam. Meu pai tormou-se parte daquele drama nos levando a capital aos sábados e também dando apoio ao Rei. Uma coisa não mudou muito, o seu olhar ainda parecia petrificado. Mais o seu amadurecimento era visí­vel, nem seu corpo parecia mais o mesmo, mais magro, porém mais másculo. Talvez o sofrimento a dor, o tenha amadurecido cedo demais. O julgamento seria na segunda então na última visita falei:

-Você sai na segunda, Rei, com fé em Deus você sai segunda!

-Por mim, não sairia nunca! Não existo mais! Acabou anjo, segui a tua vida! Eu não vou sair você vai me prometer seguir em frente e nunca mais me procurar e não vai perder tempo comigo preso!

- Nunca Rei, nunca farei isso e você saí­ra daqui e vai pra minha casa!

Na segunda, chegamos cedo ao fórum, eu meus pais e as meninas. O Juiz entrou e todos de pé, o ouvimosele chamar Arthur Albuquerque Passos! Meu Rei entrou de cabeça baixa, tinha perdido seu palácio, sua vida. O julgamento seguiu normalmente, nos emocionamos muito na hora do depoimento do Arthur e na hora das fotos do pai dele ele se emocionou e deixou cair à máscara de durão. Seguimos assim durante todo o dia, o juiz marcou a pra dá a sentença no outro dia pela manhã. Por um instante meu rei olhou em minha direção, e seus olhos molhados pareciam, mais uma vez me pedirem ajuda. Passamos a noite quase toda conversando, eu e as meninas.

-Faça-se presente o réu Arthur Albuquerque Passos, para a leitura da sentença.

Mais uma vez Arthur entrou de cabeça baixa no tribunal, ficou em pé, na frente do Juiz e escutou:

-O júri deste tribunal considera o réu dos autos, Arthur Albuquerque Passos, por sete votos a zero; inocente do assassinato do seu pai Pedro Passos Lima, considerando-se legitima defesa! Dou o caso por encerrado!

Minhas pernas não agüentaram a emoção, os aplausos se fizeram inaudí­veis, as meninas abraçavam-se em câmera lenta. Virando-se Arthur foi saindo em minha direção. Abraçou-me e disse baixinho ao meu ouvido:

-Te amo!

Passado o estado d emoção que me invadira, abracei-o e junto às meninas e minha famí­lia abraçamos-lhe calorosamente!

- Acabou, Arthur, acabou nosso Rei! Falou a minha mãe.

Saí­mos do fórum e os olhos do Arthur olhava espantado a rua, as pessoas, a nossa alegria.

-Agora, é recomeçar! Mais não sei de que ponto!

Seguimos viagem, chegando a nossa cidade. Fomos direto ao cemitério, onde ajoelhado no túmulo de seus pais. Arthur chorou, pediu desculpas e passado alguns minutos ali em prece, voltou sem olhar pra trás, nos deu mais um abraço, agradeceu e disse:

-Espero um dia esquecer tudo isso e recomeçar! Do lado de vocês!

Todos visivelmente ainda emocionados seguimos em direção a minha casa onde meu Rei, tomou um banho e descansou...

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